quarta-feira, 3 de abril de 2013

Investida do CQC para entrevistar o deputado Jose Genoino do PT causa polemica.


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O jornalista do Carta Capital Leandro Fortes em texto descreve como 'violência' a investida do CQC em entrevistar o deputado Jose Genoíno do PT.
Assista aqui o vídeo em questão do CQC.





Leia a critica de Leonardo Fortes


CQC’ & JOSÉ GENOINO

Nazijornalismo, 

por Leandro Fortes



 A violência do CQC contra o deputado José Genoíno alcançou, na segunda-feira (25/3, na Band), um grau de bestialidade que não pode ser dimensionado à luz do humorismo, muito menos no campo do jornalismo. Isso porque o programa apresentado por Marcelo Tas, no comando de uma mesa onde se perfilam três patetas da tristeza a estrebuchar moralismos infantis, não é uma coisa nem outra. Não existem repórteres-mirins, como não existem médicos-mirins, advogados-mirins e engenheiros-mirins. Existem, sim, cretinos adultos.
Não é um programa de humor porque as risadas que eventualmente desperta nos telespectadores não vêm do conforto e da alegria da alma, mas dos demônios que cada um esconde em si, do esgoto de bílis negra por onde fluem preconceitos, ódios de classe e sentimentos incompatíveis com o conceito de vida social compartilhada. Não é jornalismo porque a missão do jornalista é decodificar o drama humano com nobreza e respeito ao próximo. É da nobre missão do jornalismo equilibrar os fatos de tal maneira que o cidadão comum possa interpretá-los por si só, sem a contaminação perversa da demência alheia, no caso do CQC, manipulada a partir dos interesses de quem vê na execração da política uma forma cínica de garantir audiência.
A utilização de uma criança para esse fim, com a aquiescência do próprio pai, revela o grau de insanidade que esse expediente encerra. O que se viu ali não foi apenas a atuação de um farsante travestido de jornalista a fazer graça com a desgraça alheia, mas a perpetuação de um crime contra a dignidade humana, um atentado aos direitos humanos que nos coloca, a todos, reféns de um processo de degradação social liderado por idiotas com um microfone na mão.
Cretinos adultos
A inclusão de um “repórter-mirim” é, talvez, o elemento mais emblemático dessa circunstância, revelador do desrespeito ao ofício do jornalismo, embora seja um expediente comum na imprensa brasileira. Por razões de nicho e de mercado, diversos veículos de comunicação brasileiros têm lançado, ao longo do tempo, mão dessa baboseira imprestável, como se fosse possível a uma criança ser repórter, ainda que por brincadeira.
Jornalismo é uma profissão de uma vida toda, a começar pela formação acadêmica, a ser percorrida com dificuldade e perseverança. Dar um microfone a uma criança, ou usá-la como instrumento pérfido de manipulação, como fez o CQC com José Genoíno, não faz dela um repórter – e, provavelmente, não irá ajudá-la a construir um bom caráter. É um crime e espero, sinceramente, que alguma medida judicial seja tomada a respeito.
Não existem repórteres-mirins, como não existem médicos-mirins, advogados-mirins e engenheiros-mirins. Existem, sim, cretinos adultos. E a estes dedico o meu desprezo e a minha repulsa, como cidadão e como jornalista.
Texto publicado em Observatório da Emprensa

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