quarta-feira, 29 de julho de 2015


por Nelson Rocha no Tribuna da Bahia

Uma dívida da Universidade Federal da Bahia no valor de R$ 2.300 milhões referente ao atraso do pagamento das contas de luz dos meses de maio e junho deste ano, fez com que a Coelba cortasse ontem, pela manhã, o fornecimento de energia elétrica da escola Politécnica, interrompendo um curso de engenharia industrial  com a participação de estudantes da universidade de Berlim ( Alemanha), da Faculdade de Administração e ameaçasse desligar o medidor da Reitoria, localizada no bairro do Canela. A demora da Ufba em quitar as faturas ocorreu  devido ao corte de verbas resultante do ajuste fiscal determinado pelo Ministério da Fazenda.
“Não é a primeira vez que experimentamos o desconforto de ter a ameaça, e às vezes não só a ameaça, mas como corte propriamente dito de fornecimento de energia. Isto evidentemente é um transtorno, não só para a área administrativa, mas muito particularmente para a vida das unidades. É bom que se lembre que não existem apenas atividades de ensino numa sala de aula. Existem atividades de pesquisa, atividades que são desenvolvidas em laboratório com equipamentos e o corte de energia pode, no limite, significar a perda de um esforço de pesquisa que às vezes dura anos, e acarretar um prejuízo para a universidade”, disse à Tribuna o vice reitor da Ufba, professor Paulo Miguez.
Conforme Paulo Miguez, por conta das restrições orçamentárias realizadas pelo governo federal, que atingem também outras universidades do país, a instituição tem experimentado dificuldades no pagamento de alguns serviços prestados e contratados, inclusive fornecimento de água e vigilância, entre outros. “Estes atrasos têm feito com que a universidade venha a enfrentar, por vezes, atitudes de muita compreensão de alguns fornecedores, que têm compreendido esta situação e mantido o fornecimento dos serviços. Desgraçadamente não é o que acontece em relação a outros fornecedores. É o caso especificamente da Coelba, que fornece a nós e à sociedade baiana, um serviço de primeiríssima necessidade, que é a energia elétrica, e que não consegue compreender que essa instituição Universidade Federal da Bahia não pode ser tratada apenas numa perspectiva meramente comercial”.
Ainda segundo o vice reitor da Ufba, e reitor em exercício por motivo de viagem à Brasília do titular, João Carlos Sales, “ da mesma maneira que a Coelba compreende que é impossível que se aceite o corte de energia elétrica de um hospital, porque ali há risco de vida, ao cortar o fornecimento de energia de uma escola, e especialmente de uma universidade, aonde além do ensino se realiza pesquisa, ela demonstra, infelizmente, uma falta de compreensão sobre o significado de uma universidade como um equipamento social da mais alta relevância. Isto não significa que a universidade esteja querendo fazer com que fornecedores abram mão do direito que têm de receber pelo serviço prestado. O que a universidade realmente gostaria é de que houvesse uma compreensão de que estas dívidas estão reconhecidas e que elas serão pagas, com atraso, mas elas serão pagas e que esta situação independe inclusive de uma ação imediata da universidade. Nós dependemos de recursos da área federal, e estamos sofrendo constrangimentos, nesse momento, por conta do ajuste de contas que o governo vem fazendo na economia”, concluiu. Paulo Miguez.
A Tribuna entrou em contato com a Coelba que, através de sua assessoria de comunicação, informou que no início da tarde de ontem o fornecimento de energia na unidade Politécnica já havia sido restabelecido, assim como da Faculdade de Administração.

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