segunda-feira, 27 de julho de 2015

        A partir de meados do século XVII, já com o sistema colonial montado em sua estrutura mercantilista e escravocrata, o Brasil teve que enfrentar uma série de rebeliões em boa parte de seu território. Essas rebeliões foram denominadas por vários pesquisadores de Rebeliões Nativistas, pois foram organizadas, em sua maioria, por nativos brasileiros. A Inconfidência Mineira é um dos exemplos mais patentes, a Conjuração Baiana, outro.
    A Conjuração Baiana ficou também conhecida como Conjuração dos Alfaiates, pois grande parte de seus integrantes era composta de homens pobres e mestiços, soldados, negros livres ou alforriados e diversos profissionais urbanos, dentre estes, muitos alfaiates. Como disse o historiador Boris Fausto, a conjuração (nome que significa conspiração) estava relacionada com os quadros gerais dessas rebeliões nativistas, mas, especificamente, tem muito a ver também com as péssimas condições de sobrevivência na cidade de Salvador:

[...] A escassez de gêneros alimentícios e a carestia deram origem a vários motins na cidade, entre 1797 e 1798. No sábado de aleluia de 1797, por exemplo, os escravos que transportavam grandes quantidades de carne destinada ao general-comandante de Salvador foram atacados pela multidão faminta e seu fardo dividido entre os atacantes e as negras que vendiam quitute na rua”.[1]

    Essa descrição de Boris Fausto deixa evidente a situação de privação extrema que assolava a Bahia à época. Os conspiradores, inspirados pelas ideias iluministas e pela luta por direitos empreendida pelos revolucionários franceses, procuravam levantar a bandeira da proclamação da República, do fim do sistema escravagista, da adoção do livre-comércio, dentre outras pautas. Apesar de possuírem uma organização de ideias com sustentação, a conjuração não chegou a culminar em nenhum ato político importante, pois seus líderes foram logo presos pelo governo da Bahia, julgados e condenados.
    Quatro desses líderes foram condenados à forca e esquartejados, enquanto outros foram banidos ou permaneceram presos. Tal como Tiradentes, na Inconfidência Mineira, serviu de exemplo ao ter sido enforcado e esquartejado, os quatro conspiradores da Bahia também tiveram o mesmo destino fatídico. O crime de traição era considerado um dos mais graves pela Coroa Portuguesa e pelo Governo Geral do Brasil, subordinado a ela.

(Por Me. Cláudio Fernandes / Fonte: História do Mundo)


NOTAS:
[1] Fausto, Boris. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2013. p. 103



Sobre o Autor:
Tosta Neto Tosta Neto é Escritor e Historiador, Colunista do Outro Olhar Amargosa.

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