domingo, 13 de dezembro de 2015

Máscara de Tutancâmon pode ter sido feita para a rainha Nefertiti, diz arqueólogo

Um dos tesouros mais icônicos do Egito antigo - a grande máscara de ouro de Tutancâmon - pode não ter sido feito para o faraó. Segundo novo estudo do arqueólogo britânico Nicholas Reeves, o objeto foi feito originalmente para uma mulher, provavelmente, a rainha egípcia Nefertiti. De acordo com a pesquisa, publicada na última edição do periódico Journal of Ancient Egyptian Interconnections, o episódio tem ampla importância histórica, pois, além de a máscara ser considerada um objeto de grande importância cultural, ela também poderá ser vista como o símbolo da primeira luta ideológica conhecida entre monoteísmo e politeísmo.
A evidência, encontrada por Reeves, que sugere que a grande máscara mortuária de ouro de Tutancâmon tenha sido feita originalmente para Nefertiti, apareceu após um exame detalhado de uma inscrição no artefato. A análise mostrou que o hieróglifo que continha o nome de Tutancâmon, na verdade, foi escrito sobre outro texto, o título completo e oficial usado por Nefertiti após ela ter se tornado a "co-faraó" do Egito. A nomenclatura antiga dizia "Ankhkheperure-Meryt-Neferkheperure Neferneferuaten" (em tradução livre, "Manifestação viva do Deus Sol, Amada de Aquenáton e Beleza do Sol").
Além disso, segundo o arqueólogo, outros tesouros que estão na tumba de Tutancâmon - estatuetas e os caixões que guardam o corpo e os órgãos do faraó - também podem ter sido feitos, inicialmente, para outros membros da realeza antiga, como Nefertiti.
A máscara da rainha - De acordo com os cientistas, a resposta por que a máscara da rainha foi entregue ao faraó provavelmente reside na difícil situação política que ocorreu no Egito, durante o colapso de um experimento monoteísta que ocorreu há cerca de 3.350 anos. Nefertiti, a possível "proprietária" da famosa máscara mortuária de ouro de Tutancâmon, era a esposa do líder que promoveu a revolução monoteísta, o faraó Aquenáton. Segundo investigações, existe a probabilidade de que a rainha também tenha sido uma das responsáveis pela tentativa de reforma religiosa no país conhecido por seus vários deuses.
As pesquisas indicam que, uma década após Aquenáton e Nefertiti lançarem a revolução religiosa, o Egito teria sido atingido por uma terrível epidemia. Desesperado para assegurar a continuação da nova religião monoteísta e, talvez, com medo da morte, o faraó decidiu nomear sua esposa, Nefertiti, como a co-regente.
Após alguns meses, vítima da epidemia, Aquenáton morreu. Na época, o filho dele de oito anos, Tutancâmon, tornou-se faraó, mas Nefertiti continuou atuando como rainha. Durante esse período, ela tentou encontrar um meio-termo entre o sistema politeísta antigo e o monoteísta novo, mas morreu em três anos.
Entretanto, Nefertiti havia feito os preparativos para a sua própria morte, pois esperava ser enterrada como um faraó do Egito, com a máscara mortuária de ouro faraônica. Mas, após o falecimento da rainha, dois generais de orientação religiosa tradicional tomaram o poder egípcio, manipulando Tutancâmon e obrigado o faraó a abandonar a tentativa de reforma religiosa para retornar ao politeísmo tradicional.
Sendo assim, essa nova evidência sugere que a máscara mortuária de Nefertiti nunca foi usada em seu funeral ou em seu túmulo - foi armazenada e, posteriormente, "reciclada" para ser utilizada em Tutancâmon. Por isso, se a teoria for confirmada, além de ser um objeto histórico e artístico, a máscara também poderia se tornar um símbolo que retrata o que pode ter sido a primeira luta religiosa entre o monoteísmo e o politeísmo.
Além disso, segundo Reeves, outros tesouros que estão na tumba de Tutancâmon - estatuetas e os caixões que guardam o corpo e os órgãos do faraó - também podem ter sido feitos, inicialmente, para outros membros da realeza antiga, como Nefertiti.
A câmara secreta - A busca pela rainha na tumba de Tutancâmon teve início após a publicação, em julho, de um estudo de Reeves, em que ele afirma que, ao observar alguns detalhes das paredes da sepultura do faraó notou que elas poderiam abrigar duas câmaras secretas que foram fechadas e camufladas. Uma delas guardaria a múmia de Nefertiti, que viveu entre 1380 a.C e 1345 a.C, e foi conhecida por sua beleza. A outra seria uma sala de armazenamento.
Em 22 de outubro, autoridades permitiram o uso de radares durante a busca, porque esse tipo de tecnologia não afeta o estado dos muros interiores do sepulcro. Além disso, segundo Mamduh al Damati, ministro de Antiguidades egípcio, se as câmaras forem encontradas, essa poderia ser "a maior descoberta arqueológica do século".
Rainha misteriosa - Em setembro, Reeves viajou até o Vale dos Reis, em Luxor, para participar de inspeções que ajudariam a confirmar a localização da múmia da rainha. As ranhuras previstas por ele em seu estudo foram encontradas no fim de setembro. Damati afirmou em outubro que espera que o enigma sobre a possibilidade de encontrar a tumba de Nefertiti por trás da de Tutancâmon seja resolvido antes do final do ano. O ministro também se mostrou seguro de que exista "algo" por trás da câmara do jovem faraó, embora tenha deixado dúvidas sobre o fato de que seja o sepulcro da rainha do Antigo Egito.

Segundo Damati, outras duas mulheres egípcias poderiam estar enterradas em câmaras dentro da tumba de Tutancâmon: a rainha Meritaton, filha e mulher de Aquenaton, ou Kiya, mãe de Tutancâmon.
                               (Fonte: Veja)

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