segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Cai fora que é roubada, Wagner Moura!, por Raul Monteiro

Cai fora que é roubada, Wagner Moura!, por Raul Monteiro

por Raul Monteiro*
A internet espalhou ontem à noite a informação de que a presidente Dilma Rousseff (PT), provavelmente estimulada pelo fato de ele ter sido indicado ao Globo de Ouro pela série Narcos, convidou o ator Wagner Moura para integrar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, conhecido como Conselhão. Apesar de Wagner ser da Bahia, uma terra onde praticamente todo mundo se conhece, e de ter cursado a Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, onde a maioria dos jornalistas se formou até os anos 80, não tenho aproximação com ele.
Se o conhecesse, com certeza não hesitaria em, humildemente, enviar-lhe um email alertando de forma taxativa: “Caia fora, Wagner, que é cilada!”. Provavelmente, não adiantaria muito, porque a notícia sobre o convite traz o adendo de que o ator já o aceitou, embora tenha avisado também que não vai poder participar de todos os encontros devido à agenda assumida para a produção da segunda temporada da série do Netflix. Ou seja, ele vai mas não vai, o que mostra o nível de importância do grupo governamental que Dilma está recriando para resolver os problemas da goteira da cozinha de sua residência. Ou, desculpe… da economia brasileira.
Isso mesmo: a presidente quer reeditar um organismo inchado, ineficiente e desnecessário, criado pelo seu antecessor, com 90 membros, entre os quais o jovem e talentosíssimo ator baiano, respeitado no Brasil e no exterior, reverenciado por gente como o âncora do talk show mais popular dos Estados Unidos, Jimmy Fallon, que ironiza todo mundo, para resolver o principal problema do Brasil, o econômico, responsável pelo aumento do desemprego, a escalada inflacionária e dos juros e a paralisia completa do país, debatendo o assunto com 90 integrantes de uma entidade chamada “Conselhão”.
Imagine que, na reunião de abertura, todos os 90 participantes da entidade, excluindo-se aí a conselhuda-mor, falem só 10 minutos para discutir formas de enfrentar a crise em que Dilma e sua trupe jogaram a economia brasileira. Vai dar no total 900 minutos ou o equivalente a 15 horas, o que ultrapassa em muito as oito horas de um dia útil de trabalho. Meu caro magnífico ator Wagner, como você pode aceitar participar de uma palhaçada dessas? Esta presidente, é óbvio, está de brincadeira com um país de 204 milhões de pessoas e, ao corroborar seu convite, me desculpe, você acaba avalizando tamanha sandice.
Será que, de fato, um homem com a sua estatura, cultura, formação e capacidade, acredita que poderá ajudar o país a sair de tamanho buraco pelas mãos de um grupo que já demonstrou não ter o mínino instrumental para gerí-lo ou permanece aprisionado àquelas teorias que eram professadas na Facom, muito bem elaboradas por uma equipe de professores muito afáveis, segundo as quais o mundo está dividido entre opressores e oprimidos, campo em que estão todos os pobres que só Dilma, Lula e o PT defendem? O senhor realmente acredita nisso? Bem…
* Artigo publicado originalmente no jornal Tribuna da Bahia


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