terça-feira, 12 de abril de 2016

"Sinais de implosão à vista", por Lauro Jardim-O GLOBO

O governo Dilma parece perto de implodir. Os sinais dos últimos dias são evidentes.
*As negociações de cargos capitaneadas por Lula não seduziram deputados e lideranças partidárias que farejam carniça de longe.
*A divulgação de parte da delação premiada dos executivos da Andrade Gutierrez na quinta-feira passada mexeu irremediavelmente com os nervos do Planalto.
*As articulações de partidos da base para mudar de lado ganham força nos bastidores.
*E, finalmente, a votação de segunda-feira na comissão do impeachment, com a votação pela aceitação do relatório de Jovair Arantes.
Uma das maiores vitórias do governo no início da semana passada foi criar a sensação de que as negociações comandadas por Lula estavam avançando. Isso é passado. O PP pode não admitir oficialmente, mas está pulando do barco. Assim como o PSD e o PR. Até o líder do PMDB, Leonardo Picciani, e o ministro Celso Pansera, fieis escudeiros de Dilma, preparam o desembarque.
De público, o Palácio do Planalto não admitirá qualquer revés. Continuará a espalhar previsões otimistas para a votação de domingo. É do jogo. Em 1992, 24 horas antes do impedimento de Fernando Collor, Roberto Jefferson, então na linha de frente da tropa de choque do ex-presidente, bradou que, pela contagem do governo, Collor teria 206 votos a seu favor. Teve 38.
Como um governo que tem a caneta das nomeações na mão não consegue êxito num ambiente tão favorável a esse tipo de demanda?
A culpa não é de Lula, um político que, reconhecidamente, sabe negociar. Há um outro problema, intransponível, que pode ser resumido assim: o passado cobrou a conta. Dilma é carimbada pelos políticos como alguém que não cumpre acordos. Mesmo com o aval dado por Lula em suas conversas, a turma sedenta por cargos ficou com um pé atrás.
Aos que têm dúvidas sobre como o próprio governo enxerga suas chances para barrar o impeachment, uma evidência. O Planalto trabalha para protelar a votação do dia 17. A oposição, ao contrário, luta para mantê-la. Quem acha que perde, ensina a lógica, quer adiar o processo para uma última tentativa de virar o jogo.
O governo hoje está no chão. A guerra, no entanto, não terminou.
por Lauro Jardim em O GLOBO

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