sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Tese sugere motivo pelo qual Van Gogh cortou a própria orelha

Especialista analisa correspondência do pintor e encontra pistas sobre a automutilação — além de motivar buscas pela cama da tela ‘Quarto em Arles’

Em setembro de 1888, Vincent van Gogh comprou duas camas. Uma para ele e outra destinada a Paul Gauguin, com quem dividiria uma casa em Arles, na França. O móvel é um dos destaques da trilogia Quarto em Arles, retrato do ambiente em que vivia o pintor holandês em três telas parecidas. A estadia no local, contudo, não durou muito. No dia 23 de dezembro, Gaughin encontrou na mesma cama um Van Gogh ensanguentado, com a orelha automutilada. Depois do ocorrido, Van Gogh passou poucas noites em casa, antes de ser confinado em um hospital até sua morte, em 1890.
A motivação que levou Van Gogh a cortar parte do corpo e a trajetória do famoso móvel são alguns dos temas analisados pelo especialista Martin Bailey em seu novo livro Studio of the South: Van Gogh in Provence.
A obra sugere que o episódio da automutilação não estaria ligado a uma briga com Gauguin, a teoria mais aceita, e sim com o fato de que o irmão mais novo de Van Gogh, Theo, estava prestes a se casar. Além da relação muito próxima com o caçula, o artista era financiado pelo familiar. Logo, ele teria ficado com medo de perder o patrocínio.
A tese é endossada por correspondências da família. Van Gogh teria recebido uma carta com a notícia, assim como outros familiares, no dia 23 de dezembro de 1888, mesma data da grande discussão entre ele e Gauguin, que culminou com o artista cortando a orelha com uma lâmina de barbear. O conteúdo da correspondência se perdeu no tempo.
Já a cama, que testemunhou todo o acontecimento, foi doada pela família para sobreviventes da II Guerra Mundial, ao pequeno povoado de Boxmeer, na Holanda. A notícia motivou uma busca pelo móvel no local. “Olharemos por todas as partes”, declarou Karel van Soest, o prefeito da cidade.

(Fonte: Veja)

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